O Projeto Ariranhas contribui para publicação internacional que define prioridades para conservação da ararinha na América do Sul.
É com orgulho que anunciamos a publicação do livro “Avaliando um Ícone Aquático: um exercício de definição de prioridades ao longo da distribuição da ariranha (Pteronura brasiliensis)“, uma referência para orientar os próximos passos na conservação da espécie em toda a sua área de distribuição.
Fruto de um grande esforço internacional, envolvendo 40 especialistas de 12 países, o livro consolida conhecimentos sobre a biologia, ecologia e a situação atual da espécie, além de propor áreas estratégicas para sua proteção em toda América do Sul. Trata-se de um marco importante para fortalecer políticas públicas, apoiar decisões técnicas e promover a cooperação internacional na defesa da sentinela das águas.
Como surgiu a iniciativa?
O processo teve início em 2018, durante uma oficina realizada em Puerto Maldonado, no Peru, reunindo pesquisadores e instituições de toda a América do Sul. Desde essa fase inicial, o Projeto Ariranhas esteve presente por meio da participação da nossa presidente, Caroline Leuchtenberger, contribuindo com dados e experiências acumulados ao longo de quase duas décadas de atuação no monitoramento de populações e na conservação da espécie no Brasil.
O que a publicação apresenta?
Organizado em 17 capítulos, o livro aborda desde a biologia e ecologia da ariranha até recomendações estratégicas para fortalecer sua conservação a longo prazo. Entre os principais resultados está a definição das Unidades de Conservação Prioritárias (UCPAs): áreas com características ecológicas essenciais onde as ações de conservação podem gerar maior impacto positivo.
As UCPAs foram definidas considerando fatores como ameaças atuais e potenciais, abundância relativa da espécie, distribuição histórica e atual, além da importância ecológica de cada área. Essa priorização tem como objetivo orientar as futuras iniciativas de pesquisa, monitoramento e proteção, otimizando recursos e fortalecendo as políticas ambientais nos países de sua área de ocorrência.
Por que essa publicação é tão importante?
Atualmente classificada globalmente como Em Perigo pela Lista Vermelha da IUCN, a ariranha já perdeu cerca de 40% de sua área original de distribuição, com populações extintas no Uruguai e possivelmente na Argentina — embora registros recentes tragam esperança de recolonização. A espécie enfrenta um cenário crítico devido à destruição de habitat, contaminação dos rios, impactos das mudanças climáticas e o avanço de atividades humanas como o garimpo, a agropecuária e o turismo desordenado.
Nesse contexto, o livro surge como um instrumento fundamental para concentrar esforços onde eles são mais necessários, promovendo a integração entre países, instituições e pesquisadores. Além disso, a publicação também reforça a necessidade de ampliar pesquisas em regiões pouco conhecidas, especialmente na Amazônia, onde a ocorrência da espécie é irregular e ainda há muitas lacunas de conhecimento.
A contribuição do Projeto Ariranhas
Além de participar diretamente da concepção e produção do documento, o Projeto Ariranhas também contribuiu com dados de campo obtidos em atividades de monitoramento realizadas no Pantanal, Amazônia e Cerrado. Essas informações foram essenciais para mapear a distribuição da espécie e compreender os principais desafios enfrentados atualmente.
“Essa publicação é um marco para a conservação da ariranha em toda a América do Sul. Estar entre os autores e parceiros desse esforço internacional é motivo de muito orgulho para nós e reforça a importância do trabalho que realizamos no campo diariamente”, afirma Caroline Leuchtenberger, presidente e fundadora do Projeto Ariranhas.
O livro está disponível gratuitamente em formato digital e pode ser acessado por todos os interessados em conhecer mais sobre a espécie e as estratégias para sua proteção.