A Ariranha
O “Projeto Ariranhas” foi fundado com o objetivo de fortalecer a conservação da espécie e de seu ecossistema, buscando melhorar a convivência humana com a a ariranha e o engajamento das partes interessadas nas ações e decisões de conservação.
A espécie
A ariranha pertence à subfamília das lontras (Lutrinae) e é a maior dentre as 13 espécies de lontras existentes.
O nome científico da ariranha é Pteronura brasiliensis (Ptero = asa, nura = cauda), devido ao formato achatado de sua cauda, que lembra uma asa ou um remo. A primeira ariranha foi descoberta no Brasil, e por isso o seu nome científico também é uma homenagem ao país, que ainda comporta a maior área de distribuição da espécie.
As ariranhas ocorrem apenas na América do Sul e se alimentam principalmente de peixes, mas podem consumir também caranguejos, sapos, cobras, lagartos, jacarés e outros vertebrados.
As ariranhas vivem em grupos de 2 a 20 indivíduos, compostos por um casal reprodutor e vários indivíduos jovens de diferentes idades, que ajudam na criação dos filhotes pequenos.
Suas locas ou tocas são construídas ao longo dos barrancos de rios e baías e são utilizadas para proteção, descanso, reprodução e cuidado dos filhotes.
Além disso, o grupo utiliza latrinas, que são uma espécie de banheiro coletivo, que serve para marcar o território com seu cheiro característico.
Os territórios dos grupos têm em média 10 km de extensão linear e são marcados diariamente pelos componentes do grupo, com sinais de cheiro depositados ao longo dos barrancos. Durante o período de chuva, quando o nível dos rios sobe, os territórios podem aumentar até 3 vezes ou mais.
Os sinais de cheiro são uma das formas utilizadas pelas ariranhas para se comunicarem. Se um grupo ultrapassar os limites de seu território pode perceber pelo cheiro que entrou em uma área que já tem dono.
Encontros entre grupos rivais geralmente terminam em brigas violentas e barulhentas.
Ameaças
Até o início da década de 1990, a caça para a comercialização de peles reduziu drasticamente a população de ariranhas no Brasil. No Brasil populações viáveis da espécie ocorrem em algumas regiões da Bacia Amazônica e no Pantanal. No Cerrado, a população de ariranhas que ainda persiste parece se limitar à bacia do rio Tocantins.
A população do Pantanal está no limite sul de distribuição da espécie e, além disso, apresenta a menor diversidade genética.
A perda e degradação de habitat pelas atividades humanas é hoje a maior ameaça para a espécie. Ao longo de toda a sua distribuição, populações de ariranhas estão sendo dizimadas pela contaminação dos rios e destruição da mata ciliar provocadas pelo garimpo de ouro, agricultura e outros empreendimentos humanos. Hidrelétricas podem isolar populações e descaracterizar o ambiente, alterando a disponibilidade de recursos. Conflitos humanos com a espécie também são comuns e muitas vezes são motivados pela ideia simplista de que a espécie é competidora pelo pescado ou perigosa.
O turismo mal manejado também é uma ameaça. O tráfego e a aproximação de embarcações podem afugentar o grupo ou ainda afetar a sobrevivência de filhotes.
Comportamentos e Sons
Tenha a experiência de ouvir alguns dos sons das Ariranhas